quarta-feira, 28 de março de 2012

Política industrial para o Rio Grande do Sul será apresentada nesta quarta-feira

Com a meta de recolocar o Rio Grande do Sul na rota do crescimento acelerado, recuperando as posições perdidas no Produto Interno Bruno (PIB) nacional nos últimos anos, o governador Tarso Genro apresenta hoje sua nova política industrial. O anúncio coloca em prática um trabalho que já está sendo construído há alguns meses, resultado de mais de 170 reuniões. “Nunca houve um movimento planejado e estruturado como esse no Estado para a criação de um ambiente propício para avançarmos. Isso terá grande reflexo na economia gaúcha nos próximos anos”, aposta o presidente do Badesul, Marcelo Lopes. 



Serão 22 setores contemplados com ações específicas e mais 50 ações transversais, que perpassam diversos segmentos. Os programas setoriais se dividem entre os da nova economia - como indústria oceânica e polo naval, energia eólica e semicondutores - e economia tradicional, como agroindústria, automotivo e moveleiro. Na área calçadista, por exemplo, o foco é criação de medidas para estimular o desenvolvimento regional. 


A estratégia está alicerçada em cinco eixos. O primeiro deles é o da Política Industrial, que inclui a realização de programas setoriais para cada um dos 22 setores e ações internacionais de atração de investimentos e promoção das exportações. A missão governamental para a África, que deve acontecer em julho, é um dos resultados práticos disso. 

O segundo eixo é o da Política da Economia da Cooperação, que inclui os Arranjos Produtivos Locais (APLs), programas de redes de cooperação, polos de modernização tecnológica e programa de cooperativismo. “Existem mais de 5 mil empresas gaúchas organizadas em redes, como as voltadas para o setor de construção de móveis”, exemplifica Lopes.

Projetos como Sala do Investidor, que já está operando desde setembro de 2011, fazem parte do terceiro eixo da política industrial gaúcha. A lógica é criar atalhos para a burocracia, minimizando o tempo que os empresários interessados em investir no Estado perdem indo a diversos órgãos públicos para discutir questões como financiamento e licenças ambientais. 

Desde que o iniciou o projeto, já foram realizadas cerca de 50 reuniões com diferentes empresas. O total de investimentos que estão em negociação atualmente no Rio Grande do Sul é de R$ 15 bilhões. Os programas de apoio à captação de recursos para empresas inovadoras também fazem parte das iniciativas previstas. “É importante gerar inovação também no Interior do Estado”, alerta a diretora-adjunta da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), Moema Pereira Nunes.

Chamados de Instrumentos Transversais, iniciativas como Fundopem, Distritos Industriais, Pro-Inovação, Programa Gaúcho de Parques Científicos e Tecnológicos e Sistema financeiro do Estado (Badesul, Brde e Banrisul) estão dentro do quarto eixo de trabalho da política. O último tópico envolve os projetos de infraestrutura para suportar todo o crescimento esperado a partir dessas ações, como nas áreas de logística, energia e comunicação. 

Lopes admite que um dos grandes desafios é fazer com que a política industrial gaúcha seja uma política de Estado e não apenas de governo. “Para que isso aconteça, a melhor receita é reunirmos toda sociedade nesse projeto. E foi o que fizemos, chamando as universidades e as empresas para essa construção”, diz.

Industriais apostam em elevação da demanda

A aposta no mercado doméstico aquecido é a resposta para o otimismo moderado dos empresários com relação à demanda para os próximos seis meses, conforme resultado da Sondagem Industrial da Fiergs, que atingiu 60,2 pontos no item de expectativas futuras. Segundo o presidente da entidade, Heitor José Müller, as medidas do governo para estimular o consumo interno e, com isso, a provável expansão das vendas no setor produtivo, projetam uma recuperação gradual do nível de atividade. Para 47,5% dos entrevistados, a demanda deverá aumentar, enquanto apenas 11,5% acreditam numa desaceleração. Os demais (41%) esperam a continuidade dos atuais níveis. No entanto, lembrou Müller, tradicionalmente a expectativa é elevada no primeiro trimestre, sendo a atual a menor dos últimos três anos no mês de março. 

Em relação ao momento atual, pelo quarto mês consecutivo, a indústria operou com a utilização da capacidade instalada (grau médio de 70,9%) abaixo do usual (43 pontos), apontando forte ociosidade no parque industrial. Os estoques continuam sendo considerados excessivos (53 pontos), principalmente nas grandes empresas, e o emprego se manteve estável (50,4 pontos) em fevereiro.

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