O Rio Grande do Sul atingiu, no mês de dezembro, a marca dos cinco milhões de veículos, ocupando a 5ª posição no ranking, com 480 veículos para cada mil habitantes (quase um para cada duas pessoas), bem acima da taxa do País, que é de 374 veículos a cada mil habitantes (um para três). O recorde histórico motivou, por parte do Detran/RS, um estudo aprofundado da frota estadual, sua distribuição por regiões, o índice de motorização nas cidades gaúchas e a posição do RS em relação aos outros Estados.
Em Rio Grande, o número não é menos assustador, principalmente pelo sistema viário existente. Até novembro deste ano, havia 84.846 veículos circulando na cidade, com uma média aproximada de 400 emplacamentos por mês. O aumento da frota traz desafios não só ao Poder Público, mas também ao cidadão. Deverá ser observada a qualificação na infraestrutura das cidades, o cuidado com a questão dapoluição ambiental, da prevenção de acidentes e educação para o trânsito. Outra questão pouco lembrada é a da destinação dos veículos fora de uso.
A secretária da Segurança, dos Transportes e do Trânsito do Rio Grande, Rubia Mara Rodrigues, frisa que a situação é complicada. "Nossas ruas não possuem gabarito para formar largas avenidas". Enfatiza que o poder público está utilizando recursos de engenharia, como semáforos, rotatórias e binários para tentar dar maior fluidez ao trânsito.
As rotatórias, segundo a secretária, são ferramentas que evitam o estrangulamento do trânsito. A sincronização dos semáforos é outra ferramenta que está sendo implantada, assim como o sistema de binários, ou seja, ruas com sentido único, que trabalham em composição (uma rua vai e outra vem) e o incentivo ao uso do transporte coletivo.
A partir de janeiro, a administração municipal pretende colocar um novo projeto de mobilidade, formando novos binários na área central. Outra alternativa é a descentralização dos serviços para evitar que aumente a demanda de veículos no centro. "Essa descentralização vai fazer com que o número de veículos circulando na área central comece a diminuir", acredita a secretária. Todos os projetos são a médio prazo. Rubia Mara justifica: "não podemos resolver apenas um ponto. Temos que ver o sistema como um todo".
No Estado
Os dados levantados apontaram um crescimento médio de 6,4% ao ano, de 2004 até agora, passando de 3,2 milhões naquele ano para 4,1 milhões, em 2008, até chegar ao valor obtido no final de 2011. Se a média de crescimento for mantida, em 2020, (marco que a ONU estabeleceu para que seja atingida a meta de redução em 50% das mortes em acidentes de trânsito no mundo) serão 8,7 milhões de veículos circulando no Rio Grande do Sul.
Segundo o estudo, o motorista gaúcho começa a perceber as desvantagens do veículo particular: congestionamentos, custos cada vez mais altos com despesas de estacionamento, a própria falta de locais para estacionar, aumento dos furtos e roubos. Esses fatores têm tornado o carro, muitas vezes, mais um inconveniente do que um conforto. Assim, algumas pessoas buscam alternativas como morar mais próximo do trabalho, utilizar transporte público e transportes alternativos, como a bicicleta e a motocicleta.
Motocicletas
E o aumento da frota de motocicletas é um reflexo dessa situação. Contornando as desvantagens dos congestionamentos e dos custos elevados de manutenção de um automóvel, a frota de motocicletas cresceu quase 97% no período, enquanto a de automóveis cresceu 45%. Hoje, as motos são 19,6% da frota gaúcha e, juntamente com os automóveis, totalizam 80% da frota gaúcha. Percentualmente, destacam-se também, em crescimento, a frota de utilitários que passou de 1,4 mil veículos, em dezembro de 2004, para 20,8 mil em dezembro de 2011 (incremento de 1.337%).
As cidades com mais de 70 mil habitantes que registram maior concentração de motocicletas são: Lajeado, com 163 motos para cada mil habitantes; Santa Cruz do Sul, com 148; Santana do Livramento, com 143; Rio Grande, com 137, e Sapiranga, com 132. Porto Alegre tem uma concentração de 57 motos para cada mil habitantes.
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