Uma polêmica envolvendo a JAC Motors e a Ford parece ter tido um desfecho. A marca chinesa realizou um evento de apresentação da sua nova picape grade, a 4R3, no início deste ano, e as fotos do modelo acabaram caindo na Internet. As fotos provavelmente não teriam ganho tanta repercussão se a 4R3 fosse uma cópia idêntica da Ford F-150 – até no emblema frontal. A picape estava prestes a ser exposta no Salão de Pequim e não esteve por lá. O motivo foi divulgado apenas agora, e, é claro, a Ford está envolvida.
Em entrevista ao programa Autoline, o CEO da Propriedade Tecnológica e Intelectual da Ford, Bill Coughlin, disse que a Ford fez o seu trabalho e que proteger patentes de produtos na China não é fácil, e disse também que isso não custou um valor considerável à montadora. Em outras palavras, a Ford conseguiu na justiça o direito de bloquear as vendas da 4R3, que iniciariam no fim desse ano.
Coughlin frisou que a Ford tem uma grande preocupação em proteger seus produtos. Claro, qualquer montadora o faria. A questão é que poucos modelos chegaram a esse cúmulo do absurdo – nem o Chery Tiggo chegou a esse nível de cópia. Como patentes são específicas para cada país, foi preciso brigar na justiça chinesa para registrar as patentes consideradas oficiais para então anular as da conterrânea, a JAC.
Disputas por patentes não são novidade no mundo automotivo – e tecnológico, em geral. Apesar disso, é muito difícil que as montadoras ganhem a causa na justiça porque a China comumente ameaça possíveis bloqueios econômicos caso haja uma intervenção no mercado automotivo chinês. Não foi o caso da Ford – talvez o bom senso tenha pairado sobre Pequim.
Esse tipo de proibição é algo ainda raro entre as legislações de patentes chinesas, e mostra que a China está tentando mudar este panorama. Com a produção crescendo mais e mais, é preciso reformular a indústria e fazer com que ela dê um salto em tecnologia. Já é fato que o consumidor chinês está deixando de optar por uma cópia, seja na hora de comprar um carro ou um celular. A cópia só existia por lá porque escritórios de design e de projetos automotivos eram praticamente inexistentes no início da indústria automotiva chinesa, portanto, foi necessário se inspirar no mundo ocidental e nipônico para começar de algum ponto. Agora, os tempos mudaram.
É um alerta pra JAC, que apareceu por aqui no Brasil com um design italiano aceitável e logo apresentará por aqui o J3 reestilizado, que mais parece uma mistura entre um Volkswagen e um GM. Regressões inexplicáveis. Enquanto isso, a Ford parece dormir mais tranquila. Talvez seus engenheiros não reconhecessem a cópia de tão fiel que ela foi.
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