quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Perícia preliminar aponta que escavação de túnel não era recente em Camaquã

Segundo a polícia, atalho subterrâneo estava a 6m70cm de distância da parede do Banco do Brasil

A análise preliminar da perícia apontou que não eram recentes as escavações de um túnel cavado em frente ao Banco do Brasil e descoberto nesta quarta-feira à tarde em Camaquã, no sul do Estado.

Segundo o delegado Josuel Muniz, pedaços de madeira apodrecidos são indícios de que a abertura começou a ser feita há mais tempo. Também se constatou que foram usadas ferramentas manuais. Inclusive, uma picareta foi encontrada no local.

A avaliação preliminar apontou que o túnel estava a 6m70cm da parede do banco e que não havia nenhum obstáculo para que a escavação continuasse. O laudo oficial da perícia deve ficar pronto em 30 dias. A ocorrência foi registrada como tentativa de furto qualificada. Até a noite desta quarta-feira, a polícia não tinha suspeitos.

O túnel foi descoberto quando a prefeitura tentava tapar um buraco na Rua Antônio José Centeno, em frente à agência do Banco do Brasil. Ao fazer o segundo reparo em dois dias, o funcionário do setor de Infraestrutura do município Urubatan Ubaiara quis investigar por que o solo estava cedendo na rua. Foi quando se abriu uma cratera de cerca de dois metros de diâmetro e outros dois de profundidade. Lá embaixo, deu de cara com o túnel escavado a partir de uma abertura na galeria de esgoto que se estende por pouco mais de um quilômetro debaixo da via.



— Depois reclamam que a gente tapa um buraco e abre outro do lado, mas ainda bem, né? — ironiza no meio de uma das inúmeras aglomerações que se formaram ao redor da cratera, isolada pela Polícia Civil.

Segundo a delegada Vivian Sander Duarte, ainda não é possível afirmar se o túnel foi escavado por criminosos, mas a direção aponta precisamente para a peça onde está o cofre da agência bancária. No local, foram encontrados um saco de pregos e uma picareta.

Obra está calçada por esquadrias de madeira

Enquanto pouco se sabe de concreto sobre o misterioso túnel, tudo se suspeita na imaginação dos populares que chegavam para conferir o porquê da movimentação em frente à praça central da cidade. Ex-funcionários do banco, como o aposentado Alvorino Oswald, 60 anos, observou que todos as cidades vizinhas já tinham tido agências assaltadas nos últimos meses, menos Camaquã.

— Parece que escapamos por pouco — disse.

A vendedora Dulce Pitana até interrompeu as compras no supermercado ao lado para se informar do ocorrido.

— Estavam a 20 metros do cofre, imagina — dimensiona, enquanto o engenheiro civil José Luiz Thiesen tenta compreender a arquitetura do plano, com o bloco e a caneta da reportagem em punho.

De acordo com o funcionário da prefeitura que entrou lá, o serviço lembra cenas de cinema: o túnel estava calçado com esquadrias de madeira, para a terra não ceder.

O acesso à galeria se dá por meio de entradas fechadas com tapumes de aço — precisa de quatro homens para levantar uma delas, diz Urubatan — e a galeria é de pedra, difícil de ser derrubada. Mas alguém conseguiu. E escavou cerca de quatro metros e meio em direção ao cofre do banco. Parou a 25 centímetros do cordão da calçada em frente à agência e deixou a população da cidade intrigada.

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