Sem receber comida ou água, Daniel Chong disse ter bebido a própria urina, sofrido alucinações e cogitado suicídio
Daniel Chong passou o dia 20 de abril da mesma maneira que muitos outros estudantes universitários: fumando maconha com os amigos com o intuito de comemorar um feriado não oficial dedicado à droga.
Mas para Chong a comemoração terminou em um pesadelo kafkiano dentro de uma cela da Agência de Combate às Drogas de San Diego, na Califórnia, onde disse ter sido esquecido durante quatro dias em uma cela, sem receber comida ou água.
Para se manter vivo, Chong disse que bebeu sua própria urina, sofreu alucinações e chegou até mesmo a considerar tirar sua própria vida. Quando os agentes o encontraram no quinto dia e chamaram os paramédicos, ele disse que achava que não iria sobreviver.
"Já tinha aceitado o fato de que ia morrer naquela cela", disse Chong, um estudante de 23 anos da Universidade da Califórnia, em San Diego, três dias depois de deixar o hospital.
Uma porta-voz da agência disse que o caso está sob investigação, mas confirmou que Chong havia sido "deixado acidentalmente em uma cela" de 21 a 25 de abril, e que ele não tinha sido acusado de cometer nenhum crime.
Em uma declaração por escrito, William R. Sherman, o agente encarregado do caso, disse estar profundamente preocupado com o ocorrido. "Gostaria de oferecer minhas mais sinceras desculpas ao jovem", disse.
No dia 20 de abril, uma sexta-feira, Chong tinha ido para a casa de um amigo para fumar maconha em um ritual conhecido como 4/20, criado na década de 1970 por adolescentes do norte da Califórnia que gostavam de fumar maconha às 4h20. Na manhã seguinte, a agência invadiu a casa. Os agentes encontraram cerca de 18 mil comprimidos identificados como MDMA, ou ecstasy, junto com outras drogas e armas, segundo a agência, e Chong foi detido juntamente com oito outros indivíduos.
Os suspeitos foram levados para a prisão da agência, onde foram questionados. Em seguida, sete dos suspeitos foram levados para o centro de detenção do condado e um foi libertado. Segundo Chong, os agentes afirmaram que no dia 21 de abril, um sábado, ele também seria liberado. Por isso o colocaram em uma cela: para que esperasse até o dia de sua saída.
Em vez disso, Chong foi deixado sozinho na cela, sem comida, sem pia e sem banheiro – apenas acompanhado de um cobertor. Ele disse que podia ouvir os passos dos agentes conforme andavam perto de sua cela, o barulho de portas fechando e até mesmo o barulho da descarga de outras celas. Ele chutou a porta e gritou por água, mas ninguém respondeu.
Quando os agentes o descobriram, na tarde do dia 25, os paramédicos o levaram para um hospital. Eugene Iredale, um dos advogados de Chong, disse que planeja entrar com uma ação contra o governo federal.
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