Análises periciais da voz, postura e rosto dos policiais permitiram identificação
Boneco foi pendurado no viaduto que fica na entrada de Cachoeirinha Crédito: Divulgação / PRF / CP Memória |
Foi encaminhada no fim da tarde de sexta-feira denúncia do Ministério Público do Estado (MP) a quatro policiais militares por dois incêndios em protestos reivindicando melhorias salariais e também pela ameaça ao governador Tarso Genro em um vídeo encaminhado à TV Record, no segundo semestre do ano passado. Três soldados responderão pelos crimes: Marcelo Machado Maier, de 35 anos, a namorada dele, Renata Molina Tavares, e Fernando de Souza e Silva, de 24. Já o sargento da reserva João Carlos Gomes, o Lilica, que foi cozinheiro do então governador Olívio Dutra, vai responder pelo crime de incêndio. Se condenados, eles podem pegar até nove anos de prisão, além da expulsão da corporação.
A denúncia foi encaminhada à 1ª Vara Criminal de Alvorada, onde foi produzido o vídeo e foram registrados os protestos investigados. A promotora no município, Raquel Isoton, explicou que uma perícia analisando voz, postura e os traços do rosto dos dois soldados que apareceram na gravação permitiu chegar à identidade de Maier e Silva, que usavam toucas. Renata ajudou na elaboração do material, conforme o MP.
Maier e Silva foram presos, mas por outro crime. Eles são investigados pela participação em um suposto grupo de extermínio formado por policiais militares em Alvorada. Maier também teve prisão decretada por tráfico de drogas, lembrou a promotora. Renata segue trabalhando como PM. Ela foi transferida de Alvorada para o batalhão de Viamão.
Em março deste ano a Brigada Militar divulgou investigação indiciando 21 policiais por transgressão disciplinar em 77 atividades de protesto por todo o interior gaúcho. O subprocurador do MP para Assuntos Institucionais disse que o trabalho do órgão termina com o indiciamento dos quatro. “Protestos fazem parte da democracia. Reivindicação salarial faz parte da democracia. O que não faz é praticar crime”, disse Marcelo Dornelles. Independentemente da condenação na justiça, os quatro podem ser expulsos da BM, que abriu procedimentos administrativos para apurar a conduta de cada militar.
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